11 de abril de 2012

A interminável luta: qualidade x produtividade

Desde que Ford implementou a linha de produção, até os dias de hoje a produção em massa tem sido um dos modelos mais utilizados. No entanto, nos últimos anos, devido à necessidade de atender clientes diferentes com gostos diferentes e competir num mercado global altamente concorrido, um sistema de produção flexível se tornou apropriado para muitas situações.
Na produção em massa o foco está na estrutura da empresa, em aproveitar da melhor forma possível os recursos disponíveis, visando o menor custo unitário e a maior lucratividade. Com o advento das técnicas de qualidade (TQC, TQM, quality assurance, 5S, Six Sigma, dentre outras), que foram em grande parte desenvolvidas no oriente, as empresas de produção em massa puderam incorporar no seu dia-a-dia um modelo de produção mais condizente com as necessidades do mercado, que quer mais do que só o produto: quer também valores agregados, benefícios paralelos, qualidade.
Como a concorrência passou a ser mundial e o mercado mostrou-se interessado por produtos diferenciados, as empresas mais preparadas para tal característica passaram a liderar em seus setores. E para produzir produtos diferenciados – na qualidade exigida e com um preço competitivo – foi necessário um processo de produção flexível, que permitisse produzir uma gama maior produtos, com diferentes configurações, com qualidade e, ainda assim, por um preço atraente.
Isto, no entanto, não se constrói somente no processo produtivo. É exigida uma fina integração com os processos logísticos, que em última instância determinam o nível de atendimento dado aos clientes, que é o primeiro item avaliado quando uma entrega é feita. Por exemplo, quando um cliente recebe um produto, a primeira coisa que ele perceberá é se a entrega está ou não nos prazos e nas condições estabelecidas. Somente depois é que ele visualizará o produto propriamente dito. Desta forma, os processos logísticos precisam estar inteiramente alinhados com os processos flexíveis da indústria, isto é, eles devem ser também flexíveis. Desta forma, além de entregar no prazo e com a qualidade desejada, a logística deve ser capaz de atender às diferentes demandas do mercado.
Por que um cliente compra o seu produto e não o do seu concorrente? Sua empresa pode oferecer um excelente produto, mas se o preço não for competitivo, não haverá chance. Inclui-se aqui um elemento mediador na dualidade qualidade x produtividade: o custo.
Logo, produtividade pode ser entendida como qualidade ao preço adequado. Na maioria das situações, busca-se o equilíbrio, com a presença dos dois elementos: um que empurra o preço do produto para cima (maior qualidade) ou o ajudam a diminuir (maior produtividade). Raras exceções aplicam-se a esta regra, mas ainda assim são interessantes de serem analisadas.
O primeiro caso é de produtos desenhados para serem de baixo valor agregado, ter baixo custo e uma proposital qualidade inferior (produtos de 2ª linha). Neste caso prefere-se eficiência (produtividade) a fim de garantir atendimento de demanda ou de metas de lucratividade.
No extremo oposto encontra-se a segunda exceção: produtos de altíssimo valor agregado, que zelam por sua qualidade muito superior em relação aos demais, ditos premium. Nestes casos, produtividade não é o essencial, dado que o preço pago pelo consumidor por um produto deste nível compensa os gastos extras na fábrica por sua baixa produtividade.
A integração entre os processos produtivos e os processos logísticos, sob o aspecto do atendimento ao cliente, é o grande desafio das organizações. Como fazer com que todo o investimento realizado na indústria na forma de máquinas, processos enxutos e preparação da equipe seja refletido para o cliente através da logística de distribuição?
Em suma, a compra de um produto passa por diversas análises por parte do cliente. Entre elas destacam-se o custo de obtenção e a qualidade. O primeiro é influenciado pela capacidade que as empresas têm de disponibilizar os produtos a um baixo custo aos seus clientes, seja através de uma boa sincronia ou através de alta produtividade, envolvendo também os trade-offs logísticos. A qualidade, por outro lado, está mais relacionada ao processo, na forma como o produto é fabricado.
Há algumas décadas, qualidade e produtividade eram extremos opostos para muitas indústrias, fato que foi drasticamente alterado com a abordagem da garantia da qualidade, notadamente com os processos enxutos (produção enxuta, logística enxuta, manufatura enxuta, etc) e Seis Sigma.
Hoje produtividade e qualidade andam juntas, seja por força das tecnologias empregadas como por exigência do mercado: se sua empresa não produz em quantidade suficiente, não consegue preços competitivos; por outro lado, se não oferece qualidade aos consumidores, não consegue vender seus produtos. Logo, precisa oferecer as duas coisas.
Finalmente, um sistema operando adequadamente produzirá seus produtos com o nível de qualidade desejado, a um custo conhecido e satisfatório.



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